Após um bom tempo de
confinamento, alguns resolveram mostrar suas habilidades artísticas. Um homem abriu
a janela e se pôs a cantar os clássicos. Cantou e cantou, assim como fizeram os
italianos. Olhando a habilidade do
vizinho, na próxima semana um pianista, colocou frente à sua janela um
microfone e tocou. Tocou todas as músicas que o ouço ensaiar todos os dias. Vocês acham que os demais vizinhos ficaram
dentro de suas casas para ouvi-los?
Isso mesmo, não ficaram.
Espantosamente, foram para fora aplaudir os artistas. Pediram bis, aplaudiram e
acharam que estavam em um teatro na
janela. É não para por ai.
Temos as mães com seus filhos sem
as aulas escolares. As mães com os filhos pequenos, pensam que estão em férias
prolongadas. Elas colocam suas máscaras caseiras e vão no parque em frente à
minha janela. Lá ficam assistindo as crianças brincarem. Todos os dias estão lá
mães, pais e filhos no parque esperando o COVID-19 passar, e as crianças
retornarem para os seus professores.
O subsíndico do prédio resolveu
colher abacates. Pegou todos os abacates e saiu nas portas distribuindo. Tocou
na minha porta, não atendi. Depois abri a porta é vi que havia deixado dois
grandes abacates para mim. Já o síndico, resolveu me dizer que o banco não
sinalizou o pagamento do meu condômino. Para dar esse aviso, pediu que o
segurança viesse em minha porta para dar o recado. Óbvio, que eu fiquei brava e
encaminhei um e-mail dizendo que em época de pandemia estamos utilizando os
meios virtuais para nós comunicar.
Embora, com alguns desencontros
os vizinhos estão se ajustando. Eles continuam cantando, levando os filhos no
parque, saindo para correr como se o COVID-19 tivesse dado a eles a liberdade
de ficar em casa alguns tempos fora das férias planejadas.