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domingo, agosto 05, 2018

Andando pela cidade

Passeando pelas ruas de São Paulo, observo os passantes que correm inclusive no momento de diversão. Penso...  Por que será que tanto correm? Correm para pegar o ônibus, correm para entrar no metro. Toda essa correria competindo com o tempo que não para e nem espera. Correm para chegar no escritório e sentar e pedir silenciosamente ao tempo que passe rápido.


Baudelaire nos diz "deveis andar sempre embriagados. Tudo consiste nisso: eis a única questão. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo, que vos quebra as espáduas, vergando-vos para o chão, é preciso que vos embriagueis sem descanso."

Com toda certeza os apressados de São Paulo não estão embriagados. Estão correndo atras do "ventempo". Entro no Centro Cultural da Paulista. Solicitam que deixe minha bolsa porque talvez correm o risco de perderem um livro de fotografia. Largo a bolsa no bolseiro. Rodo olhando as fotografias nos grandes livros. Não me interessou,naquele momento, aquelas fotos. Após largar os livros, vejo uma moça com bolsa grande e um guarda chuva se despedindo de um homem.

Vou no Centro Cevantes, quem sabe vejo um filme gratuito em espanhol. 


Desculpa senhora a exibição foi ontem. Hoje tem um musical, um mexicano transportou a música popular mexicana para  música clássica. Certifique-se que estou falando em clássico. Não sei se vais gostar. Digo: não, não estou a fim de pagar, queria mesmo o cinema grátis.


A certeza que eu não iria gostar, me irritou ao escutar aquele narrador.  Volto para casa e me ponho a escutar músicas clássicas que me ninou até às 03 horas da manhã. Acordo lembrando da narrativa do recepcionista do Cevantes. "É musica clássica."  Penso.  Talvez o recalque tenha sido por achar que eu deveria gostar de hip hop, funk, ou sei lá o que, ou talvez devido a cor de minha pele. Fiquei na dúvida, mas guardei a dúvida para escrever essa narrativa. 

Uma narrativa que acredito que poucos leem, o que me deixa bem a vontade de escrever. Além disso, não gasto papel e nem ocupo espaço em casa. Adormeci. Acordei com o toque da campainha do apartamento. Era o Marco chegando para finalizarmos o artigo - a interseccionalidade de raça-classe-gênero no campo da saúde coletiva.  Quiça escrevemos sobre interseccionalidade nos passeios culturais noturnos.

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